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Open Program: “ações para conectar continentes, línguas e diferentes modos de vida”

Para Mario Biagini, diretor associado do Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards e fundador do Open Program, neste momento é essencial, como artistas e ocupantes de espaços públicos, rever drasticamente e renovar radicalmente a própria concepção de arte, e a presença na esfera pública. “A dramática situação global exige que vejamos com lucidez as motivações que nos levam a criar: criar o quê? E por que criar? Para quem? O que estamos servindo com nossas obras e esforços? A resposta não pode ser apenas de natureza estética, como não pode ser um pequeno ajuste de nossas práticas; não pode ter a ver apenas com a sobrevivência, ou simplesmente consistir em uma mudança de performance ao vivo para transmissão online, diz. Segundo ele, precisamos realmente nos perguntar como nossa posição pode ser instrumental na criação de uma nova imaginação do futuro e como criar espaços de liberdade e agência para os outros. “Agora ou nunca. O desafio é real. Evitar o encontro com este desafio significa sucumbir à tendência tentadora de apenas alcançar nossos interesses mesquinhos e pessoais. É isso que desejamos que nossas vidas sirvam?”, questiona. “A pergunta é alta, forte, gritada por milhões de vozes silenciosas. Nossos ouvidos são necessários”, completa.

O trabalho do Open Program junto aos públicos do Cartão de Visitas começou em julho de 2020 e foi Graziele Sena, mineira e atriz do grupo, a se ocupar de toda a articulação entre os futuros participantes e o grupo situado do outro lado do Oceano: “É minha responsabilidade como artista fundamentar o meu fazer em um compromisso ético-poético com o mundo onde vivo. Estando de longe nesse momento, os encontros do Cartão de Visitas são momentos de reconectar com a minha gente através desse compromisso, e assim visitar belezas que frequentemente não são reconhecidas e acabam sendo excluídas do que oficialmente se define como ‘cultura’. Enquanto fazemos, estamos nos perguntando quais são as ações necessárias e possíveis nesse momento? Tentando entender quais são as bases desse trabalho que queremos continuar no ano que vem”, afirma Graziele.

Mario Biagini, Graziele Sena e os demais membros do Open Program mantém uma constante comunicação, discussão e interação com os organizadores do CICLO, juntos idealizam um Festival “para” e “das” pessoas, caminhando para além de suposições e hábitos através de um série de ações para conectar continentes, línguas e diferentes modos de vida. Fundado em 2007, o Open Program é um coletivo de artistas de todo o mundo. Tomando o teatro como base, pesquisa as artes cênicas dentro das tradições culturais vivas, criando contextos onde elementos como música e canto, poesia e palavra falada têm um impacto significativo sobre as pessoas presentes. O objetivo é fomentar o pensamento, a construção da comunidade e a cidadania ativa. O grupo, juntamente com o Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards faz parte da estrutura da cúpula Fondazione Teatro della Toscana (Itália).

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