O Odin Teatret foi fundado em 1964 em Oslo, na Noruega. Em 1966 transferiu-se para Holstebro, na Dinamarca mudando seu nome para Nordisk Teaterlaboratorium – Odin Teatret. Hoje, seus 40 membros vêm de onze países e quatro continentes.
Hoje, as principais atividades do Laboratório incluem: espetáculos apresentados na própria sede e em turnês; “trocas” feitas em diversos contextos, na Dinamarca e no exterior; organização de encontros internacionais de grupos de teatro; hospitalidade para companhias e grupos de teatro e dança; Odin Week Festival anual; publicação de revistas e livros; produção de filmes e vídeos didáticos; pesquisas no campo da Antropologia Teatral durante as sessões da ISTA (International School of Theatre Anthropology); Universidade do Teatro Eurasiano; produção de espetáculos com o ensemble multicultural do Theatrum Mundi; colaboração com o CTLS (Centre for Theatre Laboratory Studies) da Universidade de Arhus, com a qual organiza regularmente a The Midsummer Dream School; Festuge (Semana de Festa) de Holstebro; Festival trienal Transit, dedicado às mulheres que trabalham no teatro; Festival anual NTL; OTA (Odin Teatret Archives), os arquivos vivos da memória do Odin; WIN, Prática para Navegantes Interculturais; artistas em residência; espetáculos para crianças; exposições; concertos; mesas redondas; iniciativas culturais e projetos especiais para a comunidade de Holstebro e de seu entorno etc.
Os 56 anos do Odin Teatret como laboratório favoreceram o crescimento de um ambiente profissional e de estudo, caracterizado por diversas atividades interdisciplinares e colaborações internacionais. Um campo de pesquisa fecundo é a ISTA, que desde 1979 tornou-se uma aldeia teatral onde atores e dançarinos de diversas culturas encontram estudiosos para investigar, confrontar e aprimorar os fundamentos técnicos de sua presença cênica. Outro campo de ação é constituído pelo do Theatrum Mundi, que desde 1981 apresentou espetáculos com um núcleo permanente de artistas de tradições e estilos diferentes.
O Odin Teatret criou 79 espetáculos que viajaram por 66 países em contextos sociais diferentes. Durante essas experiências, desenvolveu-se uma cultura específica do Odin, baseada na diversidade e na prática da “troca”: os atores do grupo se apresentam com o seu trabalho artístico à comunidade que os recebe e, em troca, ela responde com cantos, músicas e danças que pertencem à sua própria tradição. A “troca” é uma espécie de permuta, ou escambo, de manifestações culturais, e não só oferece uma compreensão das formas expressivas alheias como também dá início a uma interação social que desafia preconceitos, dificuldades linguísticas e divergências de pensamento, juízo e comportamento.
DIA 04/12/2020 - 21h15
“O Sonho de Andersen”
com o
ensemble do Odin Teatret
Duração: 72 min.
Class. Indicativa: 14 anos
Ficha Técnica:
Atores: Kai Bredholt, Roberta Carreri, Jan Ferslev, Elena Floris, Donald Kitt, Tage Larsen, Augusto Omolú, Iben Nagel Rasmussen, Julia Varley e Frans Winther Dramaturgia e direção: Eugenio Barba
Fotos: Jan Rüsz/Odin Teatret Archives
Sinopse: Uma comunidade de artistas se reúne em um jardim na Dinamarca. É uma manhã brilhante. Eles esperam a noite de verão, quando o sol se põe e dança. Um amigo está prestes a juntar-se a eles de outro continente. Com ele, divagando farão uma peregrinação às regiões de conto de fadas de Andersen. A Europa está em paz. Pelo menos o país deles está. Ou, talvez, apenas o jardim deles. Nesse espaço estreito, as horas parecem parar e liquefazer-se.
No verão, a neve cai em flocos e fica preta. As fantasias deles navegam em um sonho tenebroso: um navio que transporta homens e mulheres acorrentados. Os artistas sentem o peso das invisíveis correntes. Eles também são escravos?
Quando a peregrinação chega ao fim, os sonhadores a olhos abertos, percebem que esse dia de verão durou uma vida inteira. A cama do sono sem sonhos os espera. Seriam fantasmas, bonecos ou brinquedos essas figuras que aparecem para pega-los? Que tipo de vida nós vivemos quando paramos de sonhar E que tragédia ou farsa dança o sol?
DIA 05/12/2020 - 20h30
“Itsi Bitsi”
com
Iben Nagel Rasmussen, Kai Bredholt,
Jan Ferslev
Duração: 72 min.
Class. Indicativa: 14 anos
Ficha Técnica:
Com: Iben Nagel Rasmussen, Jan Ferslev e Kai Bredholt
Texto: Iben Nagel Rasmussen
Direção e montagem do texto: Eugenio Barba
Arranjo musical: Jan Ferslev e Kai Bredholt
Duração: 60 min.
Fotos: Tommy Bay/Odin Teatret Archives
Sinopse: Sol e neve. Espaço vazio. Fragmentos de sua vida no início dos anos 60: os vários sentidos das viagens: “… Queríamos escancarar as portas, mas elas se tornaram portas trancadas. Quando as portas se fecharam, algumas pessoas se encontravam do lado errado”. A atriz fala dos anos que antecederam sua chegada ao Odin, anos de viagem pegando carona, de música e de poesia, de radicalismo político e de droga. A história dela, a de Eik Skaløe (o primeiro poeta beat que cantou em dinamarquês e que se suicidou na Índia em 1968) e aquela da geração deles. Eugenio Barba trabalhou em cima da autobiografia de Iben Nagel Rasmussen como se fosse uma memória de segundo grau, como se ele é que tivesse que reviver a história da atriz no plano da transcendência. Para isso, contrapôs as memórias autobiográficas ao seu duplo, inventando figuras, situações, relações que não comentam, mas que saltam para além da imagem, conduzindo-a para além dos confins da memória autobiográfica. Em Itsi-Bitsi são usados fragmentos de espetáculos anteriores da atriz, não como citações ou exemplos, e sim como metáforas reveladoras: Kattrin, a muda de Cinzas de Brecht; o xama errante de Vem! E o dia será nosso; o Trickster de Talabot.
Texto: Nando Taviani – Tradução: Patricia Furtado de Mendonça
DIA 05/12/2020 - 21h45
“Judith”
com
Roberta Carreri
Duração: 60 min.
Class. Indicativa: 14 anos
Ficha Técnica:
Atriz: Roberta Carreri
Direção: Eugenio Barba
Texto: Roberta Carreri e Eugenio Barba
Música organizada por: Jan Ferslev
Escultura: I Wayan Sukarva
Duraçao: 60 min. (sem pausas)
Uma co-produção: Teatro Tascabile, Bergamo; Centro Teatrale San Geminiano, Modena; Centro per la Sperimentazione e la Ricerca, Pontedera; Centro Teatrale Europeo “Tino Buazzelli”, Frascati; Nordisk Teaterlaboratorium, Holstebro.
Fotos: Tony D’Urso/Odin Teatret Archives
Sinopse: Uma espreguiçadeira branca, um grande leque, um bonsai, pentes de madrepérola, uma cabeça decapitada de madeira, alfinetes enormes para perfurar seus olhos e sua língua (e para fazer penteados nos cabelos), um penhoar vermelho, uma camisola de seda branca. Através da história bíblica de Judite, o espetáculo isola e explora o campo da violência-vulnerabilidade, mergulhando no oceano do erotismo luminoso e assassino. O que em outros espetáculos vem a tona num abrir e fechar de olhos, aqui é destrançado e dilatado, analisado meticulosamente e fundido com a mesma precisão de uma sinfonia. Toda a história, a fábula, é contada logo no início do espetáculo. No final, um epílogo gracioso da história nos leva a suspeitar que o personagem monologante não tenha sido Judite, a protagonista, mas a serva que a evoca (aquela que podemos ver em vários quadros famosos, que muitas vezes é a figura mais vivaz e fascinante, a serva que leva a cabeça de Holofernes em sua cesta, e que segue, como que numa dança, os passos de sua patroa, tensa após a heroica façanha — imagem que surgia em algumas pinturas como a reencarnação de uma antiga Mênade). Ao longo do espetáculo, a fábula de base não aparece mais. Suas folhagens são espalhadas e embaralhadas pelo vento que passa livremente. Vemos as ondas dos sentimentos e das paixões se confundindo, apagando os confins dos mapas morais. Mas, principalmente, vemos o regozijo deslumbrante e quase purificador do horror.
Texto: Nando Taviani – Tradução: Patricia Furtado de Mendonça
DIA 06/12/2020 - 16h
“O Castelo de Holstebro”
com
Julia Varley
Duração: 58 min.
Class. Indicativa: 14 anos
Ficha Técnica:
Atriz: Julia Varley
Texto: Julia Varley e Eugenio Barba
Arranjo musical: Jan Ferslev
Gráfico: Marco Donati
Iluminação: Poul Østergaard, Knud Erik Knudsen
Figurino: Julia Varley, Ellen Skød
Dirigido por: Eugenio Barba
Duração: 50 min. (sem pausa)
Primeiro Espetáculo: novembro de 1990, Holstebro, Dinamarca
Fotos: Jan Rüsz/Odin Teatret Archives
Sinopse: Num quartinho vermelho, uma moça vestida de branco e um velho brincalhão e cínico que tem a cabeça de um morto (chama-se Mr. Peanut). Dois personagens numa única pessoa: “Quando veem barba e bigode, ele é chamado de ‘homem’. Quando veem longos cabelos e seios, ela é chamada de ‘mulher’. Mas olha! A alma que está no meio não é nem homem nem mulher”. Nenhum outro espetáculo do Odin Teatret se recusa tanto a atravessar a terra de ninguém entre o ator (a atriz) e o espectador como este. Aqui, o espaço autobiográfico é o espaço da vulnerabilidade. É como se, ao observar as fantasias de uma menina fechada num “quarto todo para si”, fosse possível descer, degrau por degrau, nos substratos onde a juventude dança com a morte, onde a ingenuidade é a outra face da premonição, e onde até os amores, com todas as ironias de seus destinos, podem ensinar a verdade. No final, agachada no chão, a atriz segura nos braços o velho Peanut, que encolheu. Ele mais parece o seu bebe ou um vovô-infantil que deve ser amamentado. Ou então a Morte que acabou de nascer.
Texto: Nando Taviani – Tradução: Patricia Furtado de Mendonça
DIA 06/12/2020 - 17h10
“Orô de Otelo”
com o
Augusto Omulù
Duração: 68 min.
Class. Indicativa: 14 anos
Ficha Técnica:
Ator: Augusto Omolù
Músico: Cleber Conceição da Paixão
Direção: Eugenio Barba
Assistente de direção: Julia Varley
Música: percussão tradicional das cerimonias do Candomblé e fragmentos de uma gravação da ópera “Otello”, de Giuseppe Verdi.
Fotos: Giovanna Talà/Odin Teatret Archives
Sinopse: Uma produção da ISTA
Ao ler “Otelo” de Shakespeare, o artista, um negro elegantemente vestido, se deixa levar pela história. O performer interpreta os personagens principais – Otelo, Desdemona, Iago, de acordo com as palavras da ópera “Otello”, de Verdi. O intérprete muda de um personagem para outro, construindo diálogos entre eles, mas também reagindo aos personagens que interpreta.
A música de ópera de Verdi é comentada, apoiada ou usada como contraponto seguindo o ritmo tradicional dos tambores do Candomblé. O espetáculo é baseado exclusivamente na codificação das danças dos Orixás: todos os gestos, passos e movimentos têm origem nas danças dos Santos do Candomblé. Orô é uma palavra usada para indicar uma cerimônia. No espetáculo, os Orixás são diferentes manifestações das paixões humanas que animam os principais episódios da peça.
Os acontecimentos dramáticos evocados pela história de Otelo conduzem lentamente o intérprete a um xiré. Durante o xiré em uma cerimônia de Candomblé, os tambores saúdam e chamam os diferentes Orixás para que eles possam descer e “montar” o devoto que está dançando. A apresentação termina com uma avania, a dança final e o ritmo de saudação enquanto todos os Orixás saem.
DIA 10/12/2020 - 21h30
“Sessão de Trabalho sobre Cantos de Tradição”
Duração: 105 min.
Class. Indicativa: 14 anos
Precedido por uma introdução de Thomas Richards, em inglês, com legendas em português. Filmado pelo MMG Multimedia Meeting Group SNC no Teatro Era em Pontedera, Itália, em novembro de 2020. Produção: Fondazione Teatro dela Toscana.
“WORK SESSION ON SONGS OF TRADITION”
O trabalho prático sobre cantos de tradição foi iniciado no Workcenter em 1986, e tem sido levado adiante em desenvolvimento contínuo pelos últimos 34 anos. Sessões diárias de trabalho sobre cantos de tradição são o centro da pesquisa em artes performativas conduzida por Thomas Richards e suas equipes. Tais sessões servem aos membros da equipe para ajudar a ampliar o conhecimento de um “trabalho sobre si mesmo” que pode ser realizado através de uma abordagem específica do canto e da ação. Essas sessões de trabalho não são performances. Elas pertencem ao domínio de pesquisa em artes performativas conhecido como Arte como veículo. Em Arte como veículo, como em certas antigas tradições, um trabalho sobre canto e ação vai junto com uma abordagem à interioridade do ser humano. Essa é uma abordagem do canto e ação que explora o potencial impacto que as qualidades melódicas, rítmicas e vibratórias de um determinado canto podem haver sobre a pessoa que canta. No filme Sessão de Trabalho sobre Cantos de Tradição, o público testemunhará uma sessão de trabalho sobre cantos de tradição. Os espectadores são levados a um núcleo criativo do trabalho do Sr. Richards com sua equipe, um evento que é estruturado mais como um jogo do que como uma performance. Em um jogo, os membros da equipe têm uma meta comum, e cada membro da equipe tem uma tarefa específica. Nesse jogo, gradualmente, o trabalho sobre cantos de tradição se torna um meio de despertar aspectos sutis e potentes da experiência, uma ferramenta para a transformação da percepção e presença do artista.
DIA 11/12/2020 - 18h
“Encontro Ao Vivo com Thomas Richards sobre “Cantos de Tradição”
Duração: 120 min.
Class. Indicativa: 14 anos
Com: Thomas Richards, Alonso Abarzúa, Javier Cárcel Hidalgo-Saavedra, Desiré Graham, Gina Gutiérrez, Guilherme Kirchheim, Jessica Losilla-Hébrail, Lynda Mebtouche, Sara Montoya, Cécile Richards, Felipe Salazar, María Constanza Solarte e Hyun Ju White Baek.
Este encontro é um espaço de diálogo aberto com Thomas Richards e os membros das duas equipes dirigidas por ele no Workcenter, Focused Research Team in Art as Vehicle e Workcenter Studio in Residence. O tema da conversa será a prática filmada em Work Session on Songs of Tradition e a pesquisa de Richards e seus colegas sobre ação performativa e cantos de tradição. É uma oportunidade para os participantes fazerem perguntas sobre a prática do Workcenter e dialogar com os membros do grupo, compartilhar impressões e questionar sobre o trabalho exibido no filme. Work Session documenta uma das sessões de trabalho que estão no centro da pesquisa conduzida por Thomas Richards e seus colegas. Embora as equipes de Richards estejam trabalhando em seis espetáculos, trabalhar em cantos de tradição faz parte de sua prática diária. Essa pesquisa, iniciada no Workcenter em 1986, se desenvolve há 34 anos. As sessões de trabalho sobre cantos de tradição são utilizadas pelos membros do grupo para ajudá-los a ampliar seus conhecimentos sobre um “trabalho sobre si mesmo” que pode ser feito por meio de uma abordagem específica do canto e da ação.
DIA 11/12/2020 - 20h15
“Dies Iræ – The Preposterous Theatrum Interioris Show”
Duração: 80 min.
Class. Indicativa: 14 anos
Com: S. Amiar; G. P. Ang; C. Berthe; M. Biagini; M. Gregory; E. Poggelli; J. Porkola; J. Riegels Wimpel; P. H. Tan; F. Torrent Gironella. Direção: M. Biagini e T. Richards.
Dies Iræ foi realizado dentro do Tracing Roads Across, com o apoio do Programma “Cultura 2000” da União Européia, capitaneado pelo Theater des Augenblicks. Duração: 79”. Em inglês, com legendas em português. Introduzido por Mario Biagini. Filmado no CSRT de Pontedera, em abril de 2006. Realizado por uma equipe de filmagem chefiada por Jacques Vetter, 2006. Produção: Tarmak Films, França.
“Dies Iræ – o espetáculo absurdo do teatro interior”, apresentado de 2003 a 2006, e criado no Theater des Augenblicks (Viena, Áustria), inclui textos de T.S. Eliot e F. Kafka, e escritos da tradição gnóstica, com cantos gregorianos e chineses.
Um homem abre seus olhos no palco do seu mundo interior. No escuro, duas figuras aparentemente concretas ganham vida. Unidos por uma comédia absurda, procuram uma resposta, tentando de realizar uma tarefa que lhes foi dada. Esta aventura poderia ser também uma cruel investigação sobre a dúbia essência da arte teatral. Estes fantasmas formam uma companhia teatral com uma concepção de arte muito singular.
Os atores do drama que se desenrola dentro do homem seguem uma liturgia. Onde se esconde a sua alma? A cada dia, uma loteria casual para encontra-la. É possível que a escolha se transforme no recipiente de uma força redentora? Essa tentativa grotesca morrerá ou alçará voo?
DIA 11/12/2020 - 21h50
“I AMERICA”
KIMVN Teatro (Chile)
Duração: 70 min.
Class. Indicativa: 14 anos
Com: M. Biagini, L. Bricken, R. Gentien, A. Kazimierska, F. Marcelli, O, Maxo, A. T. Rodriguez, G. Sena da Silva, S. Serrat. Direção: M. Biagini.
Textos de Allen Ginsberg © Allen Ginsberg Trust, utilizados com a permissão de The Wylie Agency LLC. Tradução por Claudio Willer. Duração: 70”. Em inglês, com legendas em português. Introduzido por A. Kazimierska, F. Marcelli e G. Sena Da Silva. Filmado em 2014 no Workcenter, Pontedera, por A. Lariccia, G. Cracco, F. Pisani, P. Pivetti e R. de Zordo. Edição: N. Hendrickson. Produção: Fondazione Teatro dela Toscana.
Apresentado de 2009 a 2015, “I Am America” (Eu Sou América) é uma das obras do “Ciclo Ginsberg” do Open Program. A filmagem é de 2014: uma alegre ópera rock que explora o mito e as sombras dos EUA por meio dos poemas de Allen Ginsberg, musicados pelo Open Program.
Escute: “…se você voltar para trás, de Blake a Paracelso e Plotino e Jakob Böhme, ainda mais para trás até Pitágoras, para trás, até aqueles dias, até os mistérios de Eléusis e os mistérios dionisíacos, os cultos dos mistérios, até o Oriente Médio, para atrás até a fonte de tudo isso – você chega a mesma fonte…” Mas tão rapidamente as palavras novas nascem por cima das velhas, história empilhada sobre história, que a memória da fonte se acha enterrada. Entretanto, uma força subterrânea rola e atravessa os livros de história: um torrente escavando a rocha, a poesia. E a memória se perpetua nos cantos dos poetas. Acordo em uma cidade. Um poeta me vê e canta, me chama: América. E uma fogueira de visões que se transforma em canto, novas palavras nascidas em cima das antigas. Olha, no meu rosto iridescente, tenho um milhão de olhos e milhões de mãos. Hoje, ao alvorecer de um novo dia, te ofereço a minha profecia”.
DIA 12/12/2020 - 14h
"Action in Vallicelle”
Duração: 70 min.
Class. Indicativa: 14 anos
Com: M. Biagini, M. de Clerck, F. Torrent Gironella, T. Hopfner, P. Sais Martínez, T. Richards, I. Monná Rodriguez.
Filmado em abril 2006, na sede do Workcenter, Pontedera, por uma equipe sob a liderança de Jacques Vetter, no âmbito do Tracing Roads Across, apoiado pelo Programa “Cultura 2000” da União Europeia, capitaneado pelo Theater des Augenblicks. Produção: Tarmak Films.
Em 1994, Richards começou a trabalhar em Action, criada no campo de pesquisa conhecido como arte como veículo. No teatro, muitas vezes é transmitida uma narrativa, mas para quem observa Action é mais pertinente não procurar uma história: a estrutura tem mais a natureza da poesia do que da prosa. Action funciona como um itinerário de “transformação da energia” de quem age (os “fazedores”) e estrutura o trabalho sobre si mesmos. A obra é composta por linhas de ação construídas com cantos vibratórios das tradições africanas e afro-caribenhas. Em Action aparecem pequenos textos em inglês, traduzidos do copta e vindos de uma fonte remota da tradição judaico-cristã. No início da pesquisa sobre a arte como veículo, as obras eram realizadas sem observadores. “Testemunhas” foram convidadas a participar. Action foi vista por muitas pessoas ao longo dos anos. Inicialmente, um número bastante pequeno de observadores estava envolvido, mas em 2008, o último ano em que a “Action” foi feita, milhares de pessoas a haviam testemunhado, sempre em grupos pequenos.
DIA 12/12/2020 - 17h
“Encontro Ao Vivo com Mario Biagini sobre “Dies Iræ” – O absurdo Theatrum Interioris Show”
Duração: 60 min. Em inglês com tradução para o português.
Biagini conta a criação de “Dies Iræ – O espetáculo absurdo do teatro interior”, fala sobre a função da “composição” na obra do ator, em constante conflito com o caos inerente aos fenômenos vitais e mentais. A performance nasceu em Viena, no Theater des Augenblicks e faz parte da história do Workcenter. Os participantes poderão intervir, fazer perguntas e conversar com Biagini durante o encontro.
“‘A obra, hoje, tem duas direções: uma externa e outra interna, diretamente ligada a quem a faz. Ambas se concretizam em vários modos dentro de estruturas específicas que pertencem a alguns ramos da nossa pesquisa: a arte como veiculo e “Project The Bridge”, […] que estamos desenvolvendo e está imbuído de senso de humor, zombando de nós e da natureza da nossa busca essencial. “Dies Iræ”, assim como “One Breath Left”, precedentemente, faz parte disso. Biagini, que colabora estreitamente, comigo desde o início do Workcenter, tem um papel fundamental no nascimento e na elaboração do Project The Bridge”, e também é o diretor principal de “Dies Iræ”, como também foi de “One Breath Left”.” T. Richards, 2003.
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DIA 12/12/2020 - 19h15
Encontro Ao Vivo sobre "I Am America" e “Ciclo Ginsberg”
com
Agnieszka Kazimierska, Felicita Marcelli, Graziele Sena, Suellen Serrat
Duração: 60 min. Classificaçao indicativa: 14 anos. Em inglês e português.
As quatro atrizes, anos depois do espetáculo, se encontram para refletir e compartilhar histórias e memórias sobre o trabalho nesse espetáculo dinâmico, musical e poético. Que significado elas extraem disso nesse turbilhão do momento presente? E como o trabalho no programa moldou as vidas profissionais delas?
Mesmo sendo dirigido apenas por um diretor, “I Am America” foi criado por muitos indivíduos no decorrer dos anos. O Open Program desenvolve a própria prática mantendo uma porta aberta para a comunidade e indivíduos que não pertencem ao mundo do teatro. O grupo promove a circulação entre a pesquisa interna e um contesto social mais amplo, na encruzilhada de barreiras sociais e culturais e trabalha no aspecto da interação teatral onde o contato entre seres humanos se volta à busca de uma procura por uma qualidade diferente. De 2007 até 2015, os espetáculos do Open Program nascem do trabalho de textos de A. Ginsberg, redescobrindo o aspecto da palavra poética como um instrumento de ação.
DIA 12/12/2020 - 21h30
Katie’s Tales
Duração: 60 min. Classificaçao indicativa: 14 anos. Em inglês, legendado em português.
Com: A. Kazimierska. Direção: M. Biagini. Filmado no Teatro Era, Pontedera, Itália, 2020, pelo MMG. Montagem: J. Humphrey. Produção: Fondazione Teatro della Toscana.
O monólogo de A. Kazimierska do Open Program, criado pela atriz em 2016 e que gerou uma grande quantidade de material dramático, depois elaborado junto com Biagini em 2017 e 2018, traz a história de uma mulher e seu amante, que após um terrível acontecimento partiu com a promessa de voltar um dia. A história de um jardim de cerejeiras, habitado por silêncios, palavras não ditas, desejos de uma mulher na tempestade da história. Katie, acompanhada de um casal de colaboradores domésticos, vive à sombra das cerejeiras, testemunhas da sua vida. Todos os dias, Katie recebe visitantes que, a cada dia, podem trazer de volta aquele que partiu. Katie se mantém pronta – uma mulher de frente para a História. Katie nos convida a nos questionar sobre a que pertencemos, a nos fazer perguntas sobre o papel de nossa consciência, no ensurdecedor fluxo de eventos e no turbilhão de pensamentos e emoções.
DIA 13/12/2020 - 11h
Encontro Ao Vivo com Thomas Richards sobre "Action in Vallicelle" seguido de debate com participantes
Duração: 120 min. Classificaçao indicativa: 14 anos. Em inglês, legendado em português.
Action foi filmado no Workcenter em Pontedera, Itália, em 2006, dentro da estrutura do “Tracing Roads Across”, com apio do programa da União Européia “Culture 2000”. O filme foi feito por uma equipe liderada por Jacques Vetter. Produçâo: Tamark Films.
Nesse encontro, Thomas Richards vai se engajar em diálogo com o público acerca de “Action in Vallicelle”. Richards conversará com o público sobre a linha de pesquisa em artes performativas conhecida como arte como veículo, conduzida no workcenter por mais de 34 anos.
O diálogo abordará pontos focais na história do Workcenter, explorando o desenvolvimento de sua pesquisa conforme tem se desenrolado ao longo dos anos. Em 1994, Thomas Richards começou a levar adiante um trabalho de longo prazo sobre “Action”, uma obra criada no domínio da pesquisa do Workcenter conhecida como arte como veículo. “Action”, criada durante a fase final do aprendizado de Richards com Jerzy Grotowski, não procura contar uma história, mas serve como um itinerário para a “transformação de energia” daqueles que fazem.
“Action” estrutura, num material ligado às artes performativas, o trabalho sobre si mesmo dos “fazedores”. A obra é composta de linhas de ação construídas com e acerca de antigos cantos vibratórios das tradições africana e afro-caribenha. Em “Action, fragmentos de um texto em inglês, frequentemente na forma de encantações, também aparecem. O texto foi traduzido do cóptico, e veio de uma fonte remota da tradição judáico-cristã. No inicio da pesquisa arte como veículo, as obras eram feitas sem pessoas assistindo. Gradualmente testemunhas foram convidadas ocasionalmente para ver essas obras.
“Action”, a segunda obra criada nesse domínio, foi frequentemente testemunhada no decorrer dos anos. No princípio, tratava-se de um número pequeno de pessoas, mas em 2008, o último ano em que “Action” foi feita, milhares de testemunhas de todo o mundo a haviam visto – mas sempre em grupos pequenos.
DIA 13/12/2020 - 18h30
“Pino di Buduo”
Duração: 50 min.
Class. Indicativa: 14 anos
O Giros do CICLO tem a honra de receber Pino Di Buduo, diretor do Teatro Potlach. Ele conversa conosco sobre a instalação teatral Città Invisibili, uma das ações do CICLO prevista para acontecer em 2021. Logo após o bate-papo, um vídeo sobre o projeto do Teatro Potlach inspirado na obra de Italo Calvino e que já foi visto em mais de 60 cidade, em todo o mundo. O potlatch é uma cerimônia praticada entre tribos indígenas, também significa troca, escambo, o nome de grandes celebrações com festas e comida em abundância e presente para convidados. O Teatro Potlach nasceu em Fara Sabina, pequena cidade na província de Rieti (Itália). O grupo nasceu da vontade de fazer teatro fora dos circuitos tradicionais e de vanguarda, e do inventar uma forma de coexistência de vida comunitária como premissa e condição do trabalho teatral. A essência da técnica, a pesquisa do ator completo e da composição dramática baseada na ação física e uma historia em construção desde 1976.
Em 2021, os londrinenses poderão passear pela grande instalação a céu aberto, no Centro Histórico, conduzidos pelas histórias de gente de ontem e de hoje que continua escrevendo o roteiro vivo de Londrina. O CICLO convida a população a enxergar com outros olhos a sua cidade e as mudanças no cotidiano, em 2021.